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Diabete tipo 1: manual de exercícios.

Gente com esse tipo da doença se beneficia, sim, da atividade física. Mas a eficácia e a segurança do tratamento à base de suor dependem de certos cuidados

Muitas são as barreiras que fazem portadores de diabete tipo 1 não aderirem a uma vida ativa. “O medo da hipoglicemia e a falta de conhecimento sobre como treinar estão entre eles”, concluem pesquisadores. Abordaremos esses e outros obstáculos na sequência. O fato preocupante é que, hoje, 60% desse pessoal não realiza qualquer exercício.

“A atividade física exige um pouco de trabalho dos pacientes, mas vale a pena”, garante a médica Maria Elizabeth Rossi da Silva, chefe do Ambulatório de Endocrinologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Para começar, ela reduz picos de glicemia, que, com os anos, lesam os vasos sanguíneos – favorecendo infarto, Avc, cegueira…

Tamanho benefício vem acompanhado de uma diminuição na necessidade de insulina. “Diferentemente do diabético tipo 2, o tipo 1 sofre um ataque do próprio sistema imunológico ao pâncreas que acaba com a produção natural desse hormônio”, explica William Komatsu, educador físico da Universidade Federal de São Paulo. “Por causa disso, ele terá de injetar insulina para colocar a glicose circulante nas células”, completa. Ocorre que a aplicação de doses elevadas amplifica o risco de obesidade e episódios de hipoglicemia (quedas bruscas na taxa de açúcar que geram desmaios, convulsão e até morte).

Some a isso o fato de o esforço físico afastar males como hipertensão e colesterol alto, que ameaçam especialmente os indivíduos com sangue doce. “A combinação do diabete com essas condições aumenta ainda mais a suscetibilidade a problemas cardiovasculares”, explica o cardiologista Daniel Kopiler, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

Além de reforçar tais virtudes, o documento internacional mostra como malhar de maneira segura. Pinçamos os principais tópicos para o diabético tipo 1 se livrar das amarras que o prendem ao sedentarismo.

 

1. Quantidade e frequência

A recomendação é similar à população em geral: 150 minutos de exercício aeróbico por semana em ritmo moderado ou 75 de maneira vigorosa, desde que o doutor permita. “Isso pode ser conquistado com idas a pé para o trabalho ou descendo do ônibus alguns pontos antes”, sugere Maria Elizabeth.

Idealmente, o sujeito também deveria incluir ao menos duas sessões de musculação ou outra prática que fortaleça bíceps, abdômen e companhia, como o pilates. Em nome da segurança, a diretriz só pede para não agendar mais de dois dias consecutivos de ginástica. Já na infância e na adolescência – fases em que o diabete tipo 1 costuma dar as caras -, preconiza-se uma hora de agito por dia. Vale pega-pega, amarelinha, natação, futebol…

2. Tipo de treinamento

Até o momento, nenhuma modalidade despontou como a mais eficiente no controle de longo prazo dessa enfermidade. Agora, cada uma dispara reações distintas durante sua execução.

Enquanto as aeróbicas moderadas, como uma caminhada rápida, promovem uma queda no açúcar do sangue, as intensas e o levantamento de peso chegam a fazê-lo subir. “Isso porque liberam mais hormônios como a adrenalina, que estimulam a manutenção da glicose na circulação”, esclarece a educadora física Jamile Codogno, da Universidade Estadual Paulista, em Presidente Prudente. Ao aliar esses exercícios em uma sessão, a glicemia tende a ficar estável, o que rechaça a hiper ou a hipoglicemia. Converse com um expert para definir seu treino.

Práticas aeróbicas

Vantagens – Geram maiores quedas na glicemia, na pressão e no colesterol.

Cuidados – Cobram maior sintonia entre cardápio e medicação para não culminarem em hipoglicemia.

Musculação

Vantagens – Deixa os músculos vigorosos e é menos associada a quedas súbitas na glicemia.

Cuidados – Sem uma regulação dos remédios, pode desencadear a hiperglicemia.

Intervalado de alta intensidade

Vantagens – Intercalar momentos breves de correria com outros leves estabiliza a glicemia.

Cuidados – Os instantes de maior esforço sobrecarregariam diabéticos mais debilitados.

3. Horário

Suar a camisa do fim da tarde em diante, segundo o artigo internacional, eleva a probabilidade de hipoglicemia noturna – uma crise durante o sono que às vezes traz repercussões sérias, em especial se não há alguém para socorrer a pessoa. “Como o exercício queima glicose e melhora o aproveitamento da insulina, realizá-lo à noite sem os devidos cuidados provocaria essa consequência”, diz Komatsu. Mas, com ajustes na medicação e na dieta – como comer fontes de baixo índice glicêmico antes de dormir -, é seguro treinar após o pôr do sol.

4. Alimentação

Graças à evolução e diversificação das insulinas, o diabético tipo 1 ganhou liberdade nas refeições. Se, por exemplo, ele devorou um chocolate ou exagerou numa festa de aniversário, pode recorrer a injeções que baixam rapidamente a concentração de açúcar no sangue. Isso é ótimo por um lado, só que exige uma pitada de responsabilidade para que as exceções não virem regra. Veja: um cardápio pesado demandará doses adicionais de insulina. Em um dia de malhação, essa sobrecarga pode jogar a glicemia perigosamente para baixo. Portanto, a orientação básica é equilibrar a alimentação no cotidiano. Fora isso, geralmente pede-se uma ingestão extra de carboidratos antes e depois da atividade física – e, às vezes, até durante.

Antes

Alimentos que liberam glicose aos poucos (maçã, iogurte…) são uma boa opção.

Durante

Se o treino durar mais de uma hora, tomar géis de carboidrato e afins pode ajudar.

Após

Fontes com alto índice glicêmico, como um suco de laranja, acelerariam a recuperação.

5. Exames

Sempre meça a glicemia antes e depois de ir à academia. “Se sintomas como tontura ou dor de cabeça surgirem ao longo da execução, repita o teste”, ensina Jamile.

Fonte: Saúde Abril

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Written by Tay

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